A solidão vicia




Eu moro sozinha..  à 10 meses. Só, com a minha gata que é tudo para mim. É o meu mundo, a minha vida, o que tenho de mais valioso. Quando ela morrer, eu morro...
Apesar de falar muito com ela e ela entender quase tudo que digo e gostar muito de mim, ela é uma gata. Não substitui o papel das pessoas (embora substitua muita gente que não presta).
Lembro-me quando era adolescente eu gostava de ficar em casa sozinha quando os meus pais iam viajar. Era a liberdade plena.
Se calhar foi por passar tanto tempo sozinha numa casa enorme, que desde á muitos anos não gosto de morar sozinha.
A solidão é uma tristeza que corta por dentro.
É sempre ter sonhado ter alguém com quem partilhar conversas, brincadeiras, risadas, um jantar na varanda no verão, viagens, carinhos… no entanto não ter.
Já tive em tempos. Parece que foi à seculos.
A maior tristeza é sentir essa dualidade de não querer estar sozinha, mas por outro lado não querer ninguém. Não confio no ser humano. Já passei por muitas situações que me provaram que a maioria das pessoas não presta. Já para não falar de ter uma mãe que não gosta de mim e o resto da família foi atras.
O que sente uma pessoa que descobre que a mãe não gosta dela? Sente-se um lixo que nem a sua própria  mãe gosta. Eu sei que não sou um lixo mas isso está no subconsciente. Por muito que eu saiba que o lixo é ela, toda a gente tem aquela crença que a mãe é a que ama incondicionalmente, bla bla. Então gera-se dentro da cabeça a questão ligada à crença, "porque é que a minha mãe não gosta de mim e me fez tanto mal? Só pode ser porque sou uma pessoa horrível."
Isso são coisas que ficam cravadas dentro da nossa alma.
Eu acho que é dai que vem o meu medo de pessoas. Não quero que mais ninguém me faça mal.
A solidão vicia porque como todos os vícios ela faz mal mas é difícil sair dela.
E eu percorro cada divisão da minha casa e não está lá ninguém. É um silencio ensurdecedor.
Não há um beijo pela manhã, contar como foi o dia, partilhar as tarefas da casa, pensar a dois, fazer planos. Só há …. o vazio.


É dificil entender?



Uma das coisas que me deixa mais frustrada é sentir e saber que a maioria das pessoas não entende o que é ser borderline, o que isso acarreta para a nossa vida e muito menos os nossos comportamentos. Por muito que se explique, elas esquecem e não entendem frequentemente. Outras talvez não tenham capacidade cognitiva para sequer entender algo tão complexo.
Eu admito que é muito complexo sim.

Mas então porquê que depois de milhões de explicações, literatura, vídeos, algumas pessoas não entendem?
              Porque nós pensamos de maneira diferente dos demais.

É só isso. Isso leva a muitas outras coisas mas a base é essa. As pessoas têm grande dificuldade em entender o que sai da regra.

Se vocês leram o meu percurso, sabem que eu começo por dizer que sempre soube que era diferente. Diferente da maioria em quase tudo. Muitos estranhavam e não sabiam lidar comigo, alias, até hoje.
As melhores metáforas que li sobre ser borderline é comparar uma criança num corpo de adulto ou ser borderline é como ter uma pele muito fina, que constantemente fica ferida e não nos protege como é a função da pele. Quem nos fere mais somos nós mesmos, seja com pensamentos, crenças ou atitudes. Somos o nosso pior inimigo.

Agora vocês podem perguntar, se é "só isso" e traz sofrimento, porque não mudam?
Porque o "só isso", a maneira diferente de pensar, é a nossa personalidade! É a maneira de ser da pessoa. Por isso se chama perturbação da personalidade. Trocando a ordem das coisas para tentar ser mais clara, podemos dizer,  a personalidade daquela pessoa tem uma perturbação.
 Isso leva-nos ao inicio. Se alguém tem uma perturbação da personalidade é porque é considerada "fora do normal", seja ele qual for ...

É quase impossível mudar a personalidade. Pensem em vós e analisem se não é assim. É como tentar mudar o chip que esta cá implantado dentro com todas as informações. O chip pode até não estar  a funcionar bem, mas o nosso cérebro já reteve e gravou todas as informações usadas durante anos.

Há varias teorias ou mesmo provas factuais que o desenvolvimento da personalidade borderline em alguém se deve a diversos factores. Vou-me concentrar naquele que surge de um trauma contido. Emoções que ficam reprimidas fazem muito mal.
O borderline é uma pessoa com um mundo de medos dentro de si. Medo de diversas coisas. No meu caso, o maior é ter ter medo de pessoas. Não literalmente mas projectando em toda a gente o mal que algumas me fizeram.
O que muitos não sabem, e muitas vezes nem o próprio entende certas atitudes, é que agimos em nossa defesa. Podem parecer atitudes de louca, impulsiva, agressiva etc.…….somos nós quem mais sofre  embora não pareça. É o desespero de causa, quando mais nada há a fazer. Umas são implosivas e outras explosivas. O borderline tem sempre muita raiva dentro dele, talvez por coisas passadas e recalcadas que o levaram onde está. Quando explode sobre os outros ou sobre si, é um grito de ajuda!

Trocado por miúdos e com paciência é possível sim entender o que pensa e sente um borderline. Só é preciso dar a oportunidade aquela pessoa que à 1a vista pode parecer desequilibrada e até má, mas que esconde tanto dentro de si, e só pede uma oportunidade de se revelar!
O estigma. Sempre o estigma...


Verdade nua e crua na quase totalidade


"Esbarrei com este texto enorme sobre transtorno borderline.  Achei que deveria partilhar apesar de não concordar com tudo pelo menos no meu caso. 
Aqui é descrito talvez com exagero em algumas coisas , todo o lado "mau" que nao é partilhado por todos, e nada do lado "bom". Acho injusto. 
No entanto é difícil admitir mas 90% das coisas são exactamente assim.
"
O termo Borderline (Limítrofe) deriva da classificação de Adolph Stern, que descreveu, na década de 1930 – A condição como uma patologia que permanece no limite entre a Neurose e a Psicose. O Borderline encontra-se nos extremos, caminhando numa linha tênue entre “sanidade e loucura”.
Pessoas com personalidade limítrofe/borderline podem possuir uma série de sintomas de transtornos psiquiátricos diversos, tais como: ataques súbitos de ansiedade, humor instável, grande sentimento de entusiasmo para depois sentir um grande vazio, ou dissociação mental, assim, como despersonalização, e tendência a um comportamento encrenqueiro. Tem-se impulsividade muitas vezes autodestrutiva, conduta suicida, manipuladores e chantagistas, bem como sentimentos crônicos de vazio e tédio.
A raiva é possivelmente a única emoção verdadeira ou a principal emoção central do borderline; muitas vezes, esses indivíduos são vistos como rebeldes e problemáticos. O Borderline é por vezes confundido como Depressivo, ou com Transtorno Bipolar.
O Borderline é um grave distúrbio que afeta seriamente toda a vida da pessoa causando prejuízos significativos tanto ao indivíduo borderline/limítrofe, como às pessoas que convivem com o borderline. Com frequência o portador do transtorno necessita estar medicado com antidepressivos, estabilizadores do humor, ou seja, medicamentos prescritos pelo médico/psiquiatra – estabilizando as consequências que a doença traz. Os sintomas aparecem durante a adolescência ou nos primeiros anos da fase adulta. E uma vez desencadeado continuam geralmente por toda a vida. Ao descobrir a doença o paciente e seus familiares podem sentir-se desapontados, mas na maioria das vezes a severidade do transtorno diminui com o tempo. Pelo fato dos sintomas desencadearem principalmente na adolescência – o que leva os pais e/ou familiares acreditarem que é apenas rebeldia própria da idade. No entanto, não fazem ideia que estão diante de uma pessoa com um grave distúrbio.
As perturbações sofridas pelos portadores da doença alcançam negativamente várias facetas psicossociais da vida, como as relações em ambientes escolares, no trabalho, na família – envolvimento com drogas, bebidas alcoólicas, etc.
Nas tentativas de suicídio, o suicídio consumado é quase sempre resultado da falta de tratamento psiquiátrico e terapêutico. A psicoterapia é indispensável.
Os transtornos segundo os estudos indicam uma infância traumática (diversas formas de abusos, sobretudo sexual, emocional; separação dos pais, ou a soma de ambos e outros fatores) como precursora do transtorno. No entanto, os pesquisadores apontam uma predisposição genética, além de disfunções no metabolismo cerebral.
Estima-se que 2% da população sofram deste transtorno, com mulheres sendo mais diagnosticadas do que homens.
Os Borderlines costumam ver coisas inexistentes no comportamento de outras pessoas, o que causa sempre crises de exagero e tempestades em copo d’água. Uma mudança quase imperceptível no comportamento de uma pessoa aos olhos de outros, para o borderline é um enorme motivo para se desesperar e acreditar que a pessoa não gosta mais dele. Por isso, o borderline é excessivamente possessivo, acreditando que após conquistar uma pessoa a pessoa pertence apenas a ele e mais ninguém.
Algumas vezes, essas pessoas podem confundir carência emocional com paixão. Transferem para relacionamentos amorosos a sua instabilidade emocional. Então, são os causadores de brigas excessivas – têm sentimentos possessivos, não raro, o borderline vê o outro como se ele só tivesse a obrigação de estar ali apenas para prover o que o ele deseja. Eles não têm controle de si mesmos, por isso facilmente demonstram irritabilidade e raiva em variadas situações triviais, desde amargura, maus tratos, estupidez, xingamentos e violência. Eles têm baixa capacidade de julgamento e usualmente têm reações grosseiras.
Limítrofes/borderlines são pessoas que passam seu tempo a tentar controlar mais ou menos emoções que elas não controlam realmente. São pessoas que, diga-se de passagem, têm duas vidas. Uma vida quando estão na sociedade e outra vida de comportamentos muito diferentes quando estão a sós. Sua capacidade de esconder o transtorno faz com que sejam vistos, superficialmente, como se não tivessem nada, entretanto, suas vidas são sofríveis e um verdadeiro inferno. Pessoas com o transtorno oscilam entre um comportamento ADULTO e um comportamento INFANTIL; entre uma conduta BOA e uma conduta MÁ.
Esses indivíduos são árduos manipuladores. Alguns psiquiatras e terapeutas esclarecem que os borderlines são “pacientes impossíveis”. Sendo manipuladores, que buscam atenção, perturbam e irritam além de não terem capacidade o suficiente para controlar suas condutas. Em suas relações iniciais devido à grande desconfiança que eles mantêm, as palavras não são usadas para comunicar ou exprimir sentimentos. O que existe são manipulações, testes, controles, etc. Eles tendem a defender-se de sentimentos, emoções e lembranças. O Borderline testa as suas relações através de manipulações, a fim de testar as outras pessoas, e ver como elas reagirão a tais testes como agressividade, brigas, chantagens, etc.
O Vazio e o Tédio
O paciente borderline para (viver em paz) precisa encontrar um objeto protetor que nunca o deixe. Para isso, eles testam tais “objetos” (pessoas) para poderem acreditar nisso. Tais testes são manipulações, maus tratos, discussões, etc. Borderlines sentem que estão sempre com um grande sentimento crônico de vazio. Tal sentimento constantemente os incomoda e tendem a achar sempre uma forma de preencher tal vazio, mas com frequência, descrevem que esse sentimento nunca desaparece. Borderlines sentem tudo com uma alta intensidade, sendo que para eles, tudo faz mal, tudo os agride e machuca. Eles ainda têm sentimentos de ser uma eterna “vítima”, incapaz de aceitar suas próprias responsabilidades. São pessoas que não têm uma noção clara de sua identidade. Na realidade, eles não têm uma identidade bem formada, assim, precisam do apoio de outra pessoa, causando um grande medo à perda e rejeição de tal pessoa, cujo borderline o considere.
Alguns boderlines evitam começar um relacionamento, especialmente pelo medo de ser rejeitado ou abandonado mais tarde. Quando em algum relacionamento íntimo, este medo é acompanhado caracteristicamente de esforços frenéticos para evitá-lo. Podem fazer manipulações emocionais, especificamente chantagens. Contudo, caso a manipulação não funcione, eles podem demonstrar explosões de raiva que terminam muitas vezes em autoagressões, como automutilações ou até mesmo héteroagressões. O medo de ser abandonado é tão grande nessas pessoas que casualmente sofrem de dissociações, têm distorções da realidade como ter ideias paranóides ou alucinações e, no extremo, chegar impulsivamente o suicídio completo.
De maneira geral, o Transtorno de Personalidade Borderline é um dos principais distúrbios associados ao suicídio e automutilação. Eles podem tomar muitos medicamentos de uma vez só, com ou sem intenção de suicídio, abusar de drogas e bebidas, automutilar-se fisicamente, colocar-se em risco, entre outros atos impulsivos com notável tendência autodestrutiva.
A Descompensação Emocional no Relacionamento Familiar
Esses indivíduos constantemente não conseguem manter um bom relacionamento entre seus familiares, que convive dia a dia. Por vezes, o ambiente familiar é repleto de discórdias, discussões e brigas, que classificam: hora como bons, hora como maus. Eles têm, por exemplo, mau-humor frequente, sarcasmo, amargura, agressividade constante. Às vezes os borderlines podem ser tidos como pessoas incapazes de demonstrar gratidão, de interessar-se por si mesmo e pelos outros. Os outros, assim como a pessoa que o criou (mãe e pai) podem ser sentidos como estranhos que têm apenas a função de suprir e prover o que ele espera. Eles podem: trair, mentir, criticá-los, pôr sempre a culpa em outros. Contudo, a família quase sempre não entende isto, sendo assim uma tarefa difícil de convencer a família que o borderline, dificilmente aprende com seus erros e punições. Para eles, raramente castigos e punições funcionam. Pelo contrário, quase sempre tais punições são seguidas de mais agressividade e raiva, por parte dos borderlines, que entendem isso como rejeição. Não que o borderline não precise de limites destas atitudes. O borderline submete frequentemente seus familiares a algumas torturas, exigindo e agredindo, embora com isso supostamente estejam apenas tentando reviver experiências passadas nas quais a relação entre ele e seus (cuidadores) não foram capazes de lhe proporcionar boas condições emocionais. Em geral, o borderline tenta refazer o caminho não realizado no início de sua vida, com as mesmas pessoas (pai, mãe e/ou responsáveis), que não foram capazes de fazê-lo anteriormente.
A vida em si do borderline não é estável. Seus relacionamentos bem como comportamentos e sua personalidade em geral não são duradouros. É notável nesses indivíduos constante instabilidade nos seus relacionamentos. Eles podem demonstrar profundos sentimentos de apego e desapego fácil e ambivalente. De repente o borderline que demonstra grande ternura, para em seguida, demonstrar frieza, raiva e crueldade.
Sua identidade sexual é frequentemente marcada por dúvidas e mudanças constantes ou até adeptos à bissexualidade. Por vezes, definem-se a si próprios como “hora uma coisa, hora outra coisa”. Ele sente prazer, por exemplo, em dirigir imprudentemente, dormir em excesso (hipersônia) e praticar sexo inseguro-compulsivo-promíscuo.
Quando estão convictos de algo, de repente, veem-se cercados por dúvidas contrárias novamente, por isso, a indecisão nessas pessoas é comum.
Borderlines geralmente enjoam, desanimam ou desgostam facilmente. Por isso, a vida do limítrofe é uma instabilidade contínua, sejam em seus projetos, relacionamentos, preferências ou comportamentos. Na realidade, a inconstância é a palavra chave da vida do borderline.
Quando alguém é amado por ele, a pessoa merece ser tratada de forma especial, carinhosa e muito querida. Quando alguém é odiado pelo borderline, a pessoa merece vingança, ódio e infinitas crueldades. Em suma, a pessoa amada é vista como um deus e a pessoa odiada, como o demônio.
Em geral, pessoas na qual se relacionam superficialmente ou que apenas estão no início de um relacionamento com um borderline, não fazem ideia das perturbações e relações caóticas que vão ser recebidos em tais relacionamentos. Contudo, apesar de tudo isso, obviamente os indivíduos com o transtorno de personalidade limítrofe frequentemente necessitam de muita ajuda e apoio, embora possam fazer de suas relações um verdadeiro inferno. Eles não têm esse comportamento de forma proposital, pois é notável que sejam pessoas muito conturbadas emocionalmente.
Narcisismo e Agressividade
Essas pessoas têm dificuldade em avaliar as consequências de seus atos e de aprender com a experiência e, então, por isso erram e repetem o erro, nunca aprendendo. São indivíduos tão exigentes e imprevisíveis que assim tendem a afastar todos aqueles que o cercam. Além disso, são pessoas que não têm necessidade, eles têm urgência! Não sabem adiar e não aguentam esperar.
No entanto, eles sempre tendem a contornar a situação e colocam a culpa em outros, seja por suas deficiências, decepções, responsabilidades, ou problemas. Mas, ao mesmo tempo, desejam ter atenção. (Na verdade, são eternas CRIANÇAS em um corpo de ADULTO), porém aparentam estar se fazendo de “vítima”, quando na realidade não estão.
Segundo Kernberg, é a difusão de identidade responsável por tais percepções empobrecidas. Como o próprio borderline não tem uma identidade bem definida, obviamente, eles têm grande dificuldade em enxergar o outro, afinal, não consegue enxergar-se com precisão. Para o borderline, seu vazio é momentaneamente preenchido, entretanto, a outra pessoa existe apenas para satisfazê-lo naquele instante.
Portanto, apesar do borderline conseguir demonstrar certa normalidade em várias situações triviais do cotidiano, com frequência exibem escandalosamente a incapacidade em controlar sua raiva. Geralmente, eles reagem normalmente até o momento em que seu humor radicalmente muda para de repente ter um ataque de raiva e/ou grosseria, brigando com todos – demonstrando assim uma dificuldade em compreender a realidade e os sentimentos alheios. Sua percepção sobre outros é muito instável e distorcida sempre para desconfianças.
Por causa de seu narcisismo, ele considera muito justo que tudo seja para uso próprio (e de preferência, imediato), que tudo esteja voltado para ele – atitudes egoístas. No entanto, os borderlines não somente agridem os outros, como também se auto-agride. A automutilação é uma das principais características do transtorno.
Às vezes, as outras pessoas podem perceber ou questionarem-se sinais evidentes de automutilação em borderlines (ex.: vários arranhões percebidos no braço, hematomas ou cortes). Mas via de regra, eles tendem a apresentar argumentos implausíveis ou pouco explicativos em relação a tais ferimentos, com medo de que descubram seu comportamento autodestrutivo. Por exemplo, podem dizer que não sabem de onde tais hematomas apareceram ou dizer que se machucaram sem querer com uma faca. Pessoas com o distúrbio, também pode haver períodos em que se isolam socialmente.
Reatividade do Humor e Impulsividade
Borderlines têm frequentemente flutuações do humor intensas, imprevisíveis e constantes. De manhã, muito aceitável. À tarde, bruscamente sentem um grande vazio com intensa vontade de se suicidar. E, à noite, radicalmente seu humor novamente muda e sentem uma grande ansiedade com desejo compulsivo de se acabar em guloseimas.
Frequentemente a Depressão e o Transtorno Afetivo Bipolar são confundidos com a desordem Borderline de Personalidade. Contudo, talvez uma das principais diferenças seja que além de todos os outros sintomas típicos de limítrofes, tanto a depressão Unipolar como a da Bipolaridade, se caracteriza por sensação de culpa, inferioridade com uma tristeza de base. Enquanto isso, a depressão do Borderline se caracteriza essencialmente em razão de um vazio existencial, um buraco nunca preenchido, uma vida sem sentido, do tédio diante de seus objetivos e ideias de fracassos de frustração em relação a ideais não atingidos. Na depressão, o sentimento de inferioridade e culpas estão sempre presentes. No borderline, esses sentimentos são inexistentes e são substituídos por raiva constante.
Início dos Sintomas e Estatísticas
Frequentemente, na etapa inicial (começo da adolescência, por volta dos 13 anos de idade) da eclosão dos sintomas do transtorno de personalidade limítrofe, sintomas como: má adaptação social, baixo rendimento escolar, comportamentos anormais. Bem como déficit na regulação dos afetos, agressividade, conflitos no ambiente familiar, tentativas de suicídio e depressão grave são frequentes. A etapa secundária, no fim da adolescência ou início da idade adulta (na faixa dos 18 aos 21 anos), todos os sintomas propriamente ditos ficam evidentes, tendo seu auge por volta dos 25 anos de idade, causando grande prejuízo. Contudo, sabe-se que o transtorno tende a ser atenuado conforme a idade, sobretudo próximo dos 40 anos de idade. Talvez pelo fato de que ao passar do tempo, as pessoas ficam menos enérgicas e mais “maduras emocionalmente”. Assim como todos os transtornos de personalidade, quase nunca borderlines acreditam sofrer de uma patologia ou que sua conduta e comportamentos são muito problemáticos. As estatísticas apontam que 93% das pessoas portadoras do transtorno de personalidade borderline também apresentam um transtorno afetivo concomitante, especialmente Depressão Nervosa e Transtorno Afetivo Bipolar. Além disso, estima-se também que 88% apresentam um Transtorno de Ansiedade, especialmente o Transtorno do Estresse Pós-Traumático e diversas fobias em geral. A conduta suicida no borderline pode ser maior naqueles com história prévia de tentativas de suicídio, história de abuso sexual – e outras comorbidades: abuso de substâncias, depressão nervosa, comportamentos histriônicos e psicopáticos são fenômenos fortemente presentes em borderlines. Muitas vezes, o borderline é confundido com o psicopata e histriônico por apresentarem comportamentos semelhantes e, não raramente, ocorrem simultaneamente. No padrão geral de patologia grave, as famílias de pacientes borderline têm como características: mães intrusivo-dominadoras e pais distantes, sendo que as relações conjugais são predominantemente conflitivas. Em suma, o Transtorno de Personalidade Borderline é tido como um dos transtornos mentais mais devastadores, sobretudo na área de relacionamentos interpessoais, sendo também dos mais difíceis de ser tratado.
Limítrofes tendem a ser aquele tipo que quando querem alguma coisa, ficam ansiando e sentindo uma grande vontade de ter aquilo, contudo, se conseguem, enjoam ou não querem mais.
Eles têm dificuldade em dizer exatamente o que gostam, o que querem, de modo que há uma notável tendência à instabilidade em seus gostos, comportamentos, identidade e autoimagem;
Eles frequentemente não sabem quem são, não sabem o que gostam, mudam de gosto drasticamente de um segundo a outro, não sabem o que querem, ou, então, mudam de opiniões e objetivos a todo o momento.
Borderlines são cheios de imagens contraditórias de si mesmos. Eles relatam geralmente que sentem o vazio interior, que são pessoas diferentes dependendo de com quem estão.
Sequelas de Abuso na Infância
Alguns especialistas acreditam que o transtorno de personalidade limítrofe seja uma síndrome consequente de graves sequelas na personalidade, decorrente de abuso na infância. Uma boa parte das pessoas com o transtorno tiveram uma infância traumática, sobretudo foram abusados sexualmente, (porém isto não é regra geral).
Borderlines têm dificuldade em confiar nas pessoas (especialmente se houve abuso), sobretudo nos indivíduos do mesmo sexo do abusador.
Borderlines com histórico de abuso podem repetir o roteiro do passado. Eles tendem a se sentir eternamente vitimados porque estão condicionados a esperar o comportamento cruel das pessoas em que confiam. Quando crianças, podem ter se sentido responsável pelo seu comportamento de ter sido abusado. Podem ter acreditado que algo neles levou as pessoas agirem daquela forma cruel. Então, quando adultos, essas crianças anteriormente abusadas esperam o pior das pessoas, existindo sempre um grande pessimismo. Interpretam o comportamento normal como cruel ou negligente e reage com a raiva, desespero ou humilhação intensa. As pessoas em torno deles ficam confusas porque não podem ver o que realmente provoca o seu comportamento.
Desconfiança e Ideias Paranóides
Têm frequentemente ideias paranóides, estas são maiores em períodos de estresse ou sensação de abandono e solidão;
Borderlines caminham numa linha tênue entre sanidade e a loucura, às vezes se desequilibra e acaba por caminhar francamente na loucura, com alucinações e ideias delirantes, especialmente em situações estressantes, (embora não possam ser diagnosticados como totalmente psicóticos ou esquizofrênicos).
Manias de perseguição e pensamentos paranóides são freqüentes.
Facilmente interpretam as ações de outras pessoas erroneamente como hostis, ameaçadoras, irritantes ou zombadoras, o que causa um gatilho para explosões de irritabilidade e brigas constantes, porque tendem a reagir da mesma forma pela qual acreditaram terem sido tratados.
Despersonalização
Borderlines podem sentir que não são reais, são inexistentes, especialmente quando estão sozinhos.
Em momentos de grande estresse ou quando percebem o abandono real ou imaginado, podem dissociar-se, existindo assim a despersonalização. Eles frequentemente relatam tal fenômeno sendo frequente, mas que aumentam de intensidade nos momentos em que estão a sós ou sentem-se abandonados, ignorados ou rejeitados.
A despersonalização pode ser referida por uma sensação de irrealidade, de que nada mais é real em sua volta, nem eles mesmos. Podem acreditar estar num sonho ou pesadelo, cuja sensação de irrealidade é fortemente angustiante. Ainda podem relatar que estão num filme e veem tudo como se estivessem fora do corpo, como se estivessem se desprendido da sua própria personalidade ou do seu corpo. Tais sensações são tão fortes que frequentemente eles acabam por se sentir deprimidos e angustiados, sendo às vezes um gatilho para a automutilação (podem se mutilar para sentir que são reais).
Quando estão tendo uma crise de despersonalização, as outras pessoas podem perceber um comportamento levemente anormal, por exemplo, uma falta de atenção, como se a pessoa estivesse longe, distante ou “viajando”.
Alguns borderlines podem conviver dias, semanas e até meses com despersonalização, sendo frequentemente pegos a todo instante pela sensação angustiante de irrealidade e de desprendimento do corpo.
Algumas pessoas relatam que olhar-se no espelho bem como se lembrar da despersonalização piora o quadro, pois se sentem irreais ou inexistentes.
Borderlines podem ter problemas com a memória e atenção, especialmente em momentos de dissociações tais como a despersonalização. Eles podem ter brancos, apagões, esquecimentos, sobretudo após as situações de despersonalização.
Após a despersonalização podem sentir ansiedade, causado pela percepção de que realmente estão vivos.
Geralmente a despersonalização é precedida por frequentes indagações e dúvidas a respeito de quem ele é, do que ele gosta. Como o borderline não consegue ter uma identidade concreta e definida, ele não consegue se autodefinir, não tem certeza de quem ele é e possui um grande sentimento de ter se perdido de si próprio ou de que sua identidade é falsa ou copiada. Por isso a instabilidade em suas vidas. Sua identidade é, a todo o momento, construída e destruída, gerando uma inconstância
Genética
A literatura existente sugere que traços relacionados ao Limítrofe (TPL) são influenciados por genes e já que a personalidade é geralmente hereditária, então o TPL também deve ser. No entanto, estudos têm tido problemas metodológicos e as ligações exatas não estão claras ainda. Filhos de pais (de ambos os gêneros) com TPL têm cinco vezes mais chances de também desenvolver o Transtorno de Personalidade Limítrofe (Funcionamento Cerebral).
Tratamento – Psicoterapia
Tradicionalmente há um ceticismo em relação ao tratamento psicológico de transtornos de personalidade, mesmo assim muitos tipos específicos de psicoterapia para TPB, o bipolar foram desenvolvidos nos últimos anos. Os estudos limitados já registrados não confirmam a eficácia desses tratamentos, mas pelo menos sugerem que qualquer um deles pode resultar em alguma melhora. Terapias individuais simples podem por si mesmas, melhorar a autoestima e mobilizar as forças existentes nos borderlines. Terapias específicas podem envolver sessões durante muitos meses ou, no caso de transtornos de personalidade, muitos anos. Psicoterapias são frequentemente conduzidas com indivíduos ou com grupos. Terapia de grupo pode ajudar a potencializar as habilidades interpessoais e a autoconsciência nos afetados pelo TPB.
Dificuldades na Terapia
Existem desafios únicos no tratamento de TPL. (Na psicoterapia, um paciente pode ser bastante sensível à rejeição e pode reagir negativamente. Por exemplo: se mutilando ou abandonando a terapia. Segundo o psiquiatra Daniel Boleira Sieiro Guimarães, do Instituto de Psiquiatria: “Tratar de um borderline é como pilotar um navio numa tempestade. É uma provocação constante. O terapeuta tem que estar ciente disso antes de começar seu trabalho. O transtorno borderline é a AIDS da psiquiatria”, compara o médico. “Não tem cura, mas com o tratamento pode-se diminuir o sofrimento dessas pessoas. Esta é ainda a única forma de ajudá-las a viver um pouco melhor.”
Estatísticas sugerem que, com o devido tratamento, portadores de Transtorno de Personalidade Limítrofe tendem a sofrer recessão dos sintomas em algum momento da fase adulta posterior. Dos que procuram ajuda profissional de uma maneira geral, 75% sofrem remissão da maior parte dos sintomas entre os 35 e 40 anos de idade, 15% entre os 40 e 50 anos de idade e os 10% restantes podem não ter cura, chegando ao suicídio."

Amy Winehouse




O lado B de Amy Winehouse.
Drogas, agressão à pele em forma de tatagens, perda da autoimagem. Os fãs se identificavam com seu comportamento, mas não notaram a gravidade de sua doença psiquiátrica.


Não houve glamour na vida e muito menos na morte de Amy Wine­house. Uma intrincada enfermidade psiquiátrica denominada Transtorno da Personalidade Borderline – suas portadoras (predomina em mulheres na proporção de gênero de três para um entre a população mundial adulta) são invadidas constantemente por avassaladores sentimentos imaginários de abandono e sofrem terrível desmoronamento do ego, desintegração da identidade e da autoimagem. São impulsivas, mantêm suas relações interpessoais como um elástico que se tensiona ao máximo, as suas emoções e humor são fios desencapados em curto-circuito. Sentem-se esburacadas e autolesionam a pele para aplacar a dor da alma, sempre encharcada pela sensação, quase nunca real, de perda de pessoas que lhes são queridas. Assim, nesse inferno psíquico, viveu Amy Winehouse. O funeral ocorreu sem que se soubesse com precisão a causa da morte. Seja qual for a causa, no entanto, um fato está dado: mais do que simplesmente morrer, Amy descansou um corpo maltratado, um cérebro cansado e um músculo cardíaco esmagado pelo uso ininterrupto, abusivo e nocivo de vodca e coquetéis de outras drogas que chegaram a cruzar cocaína, heroína, anfetaminas, ecstasy e até quetamina (anestésico de cavalo). Em outras palavras, ainda que a causa mortis não revele overdose, sua precoce partida aos 27 anos foi acelerada pelo Transtorno de Abuso de Substâncias como um transatlântico que se dirige loucamente para espatifá-lo contra um iceberg.

O Transtorno de Abuso de Substâncias é, digamos assim, uma das franjas visíveis, concretas e palpáveis do Transtorno da Personalidade Borderline, e também uma de suas marcantes características. A rigor, ser Amy Winehouse não é para a mulher que quer, é para quem pode. Isso vale para sua fenomenal voz de branca a cantar como uma diva negra do soul, mas esqueçamos a voz e continuemos concentrados em seu comportamento. Ou seja, para ser a turbulenta Amy há de trazer consigo “pesadas ferramentas” biológicas, psicológicas e ambientais para desenvolver tal tipo de personalidade. É por isso que se diz, aqui, que não é para quem quer, mas, tristemente, para quem pode – e, creiam, a mulher que possui tais ferramentas agradeceria à ciência ou a Deus se com elas pudesse nunca ter entrado em contato, assim como Amy, aos berros e na impulsividade, ou aos prantos e na depressão, muitas vezes implorava querer “ser trocada por outra”.

No campo psicobiológico, aquilo que se chamou de “ferramenta” pode ser traduzido tecnicamente pelo funcionamento descompensado no cérebro do neurotransmissor serotonina. Tentativas recorrentes de suicídio são traços do transtorno e estudos recentes constataram concentrações mínimas do ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA, metabólito da serotonina) em pessoas deprimidas que haviam tentado suicídio. No campo ambiental, pesa na infância a negligência ou a desatenção dos pais, abusos físicos, emocionais ou sexuais da criança. Pois bem, tentativas de suicídio – praticamente crônicas – não faltaram na vida da cantora ao utilizar drogas e cruzar vodca (sua dependência química prevalente) com medicamentos (cerca de 6% das borderlines que tentam suicídio conseguem consumá-lo, aproximadamente 60% de mulheres em ambientes institucionais psiquiátricos ou prisionais são borderline). Quanto ao ambiente, sabe-se que seu pai, Mitch, disputava desde cedo com ela a atenção da mãe, Janis.

Os fãs põem litros de vodca em frente à casa de Amy: identificação com seu alcoolismo

Falou-se antes da constante oscilação e perda da autoimagem e identidade como fortes componentes do Transtorno da Personalidade Borderline, e nesse buraco da identidade é que entram, por exemplo, a droga e a componente da pele (é como se faltasse uma pele protetora do ego), que vai da dermatotilexomania (provocar escoriações no próprio corpo) ao prazer ou autoagressão em se cobrir de tatuagens. Ao não ter fixada uma identidade em si nem um ego consistente, Amy, até por viver sobre palcos e sob refletores, fez da sua pseudoimagem de adicta a sua própria identidade enquanto pessoa.

O público sempre é passional e volúvel. Quanto aos fãs, com certeza é com carinho e boa intenção, mas também com grande dose de ignorância sobre saúde mental, que levaram garrafas de vodca ao santuário que se montou diante da casa da cantora no bairro boêmio londrino de Camden Town – se Amy só se identificava com a Amy alcoólica, os seus fãs, num processo quase psicoterapêutico de transferência, também se identificam com essa Amy. Para a indústria do som, o que não é lucro não está no mundo, festejaram que o álbum “Back to Black”, de 2006, saltasse para o primeiro lugar na lista de mais vendidos nos EUA assim que a morte da artista foi anunciada.

Nos buracos do cenário borderline, cenário com simbólicos pregos emocionais por todos os cantos, a portadora do transtorno põe porcaria atrás de porcaria na busca desesperada de preencher o seu vazio e aliviar o “torno psíquico” que não cessa de apertar. É comum encontrar-se mulheres presas que são borderline e deveriam estar em tratamento e não encarceradas – acabam presas porque, na ânsia de se “colarem” ao outro para ter uma identidade psíquica, muitas vezes se “colam” em traficantes. Elas anônimas, Amy Winehouse famosa, a história é a mesma. A cantora, no auge de uma de suas crises, casou-se em 2007 com o produtor e traficante  Blake Fielder. O relacionamento durou dois anos e a maior parte dele, Blake passou na cadeia . Os que agora a criticam, e certamente entre eles há os que depositaram garrafas de vodca diante de sua casa vazia, precisam saber que Amy era, em essência, enferma. Em “Beat The Point To Death”, ela cantou: “além disso estou doente/de ter de encontrar alguma paz”.

 Amy hoje tem paz, o “torno” borderline soltou-se, a montanha-russa borderline cessou, mas é a inútil paz dos mortos, não a fecunda paz dos vivos. De fato, não houve nenhum glamour em sua vida e muito menos em sua morte.


Saúde mental



Saúde mental: Conhece alguns dos principais transtornos:

Depressão: os sintomas são desmotivação, tristeza sem motivo, desinteresse pela vida, alteração no apetite e sono, irritação e cansaço. A depressão tem mais de uma causa que envolve fatores comportamentais com o desequilíbrio de neurotransmissores, como a serotonina, que regula o humor, e a dopamina, responsável pela sensação de bem-estar. O diagnóstico é feito pelo psiquiatra e o tratamento engloba terapia e medicamentos, podendo ser utilizados de maneira conjunta ou não.

Esquizofrenia: A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico que ocorre por uma predisposição genética. Existem estudos que mostram que se trata de uma dificuldade na comunicação entre os lados direito e esquerdo do cérebro. Geralmente manifesta-se a partir dos 20 anos por meio de alucinações e delírios. A manifestação mais comum é a de ouvir vozes. O diagnóstico é feito pelo psiquiatra e o tratamento consiste em uso obrigatório de medicamentos, que bloqueiam as alucinações, associado à terapia com psicólogo, terapia familiar, para ajudar a aceitação do tratamento, e terapias ocupacionais.

Transtorno bipolar: É um transtorno mental crônico caracterizado por oscilações de humor, que podem ir de episódios depressivos e episódios de mania ou hipomania, com aumento de energia, aceleração do pensamento, humor exaltado ou irritado. Os episódios podem durar de uma semana até anos. O diagnóstico é feito de maneira clínica por um psiquiatra. O tratamento inclui medicamentos estabilizadores de humor e terapia. Não há mudança de humor repentina, como "estar triste e depois de cinco minutos estar feliz". Esse tipo de oscilação de humor pode se tratar de personalidade imatura, um sintoma de outra doença, o transtorno de personalidade Borderline"

Transtornos de personalidade: São transtornos que se manifestam no início da vida adulta em decorrência de um conjunto de fatores: genética, aspectos psicológicos e o meio em que a pessoa vive. A pessoa com estes transtornos apresenta um padrão de resposta emocional inflexível e fora do padrão, com grande dificuldade em se relacionar com as pessoas. O diagnóstico é feito pelo psiquiatra e o tratamento envolve terapia e medicamentos.
Há três classificações: transtornos excêntricos ou estranhos, como o transtorno paranoide; transtornos dramáticos, como o Borderline; e transtornos ansiosos ou receosos, como o transtorno de personalidade dependente.


Borderline pode ser confundido com depressão. 



Imagine que discutiu com a sua melhor amiga. Normalmente, a situação pode ser resolvida com uma conversa, esclarecendo o que não gostou. Para uma pessoa com depressão, essa discussão pode gerar apatia por uns dois dias e, se a amiga a procura, vocês falam novamente. Já para uma pessoa com Borderline, a situação pode parecer o fim do mundo. Motivada pela impulsividade, a reação pode-se tornar exagerada, recorrendo até a automutilação.

Enquanto a pessoa com depressão fica mais abatida diante de algumas situações, o paciente com Borderline costuma ser reativo.
Reações exageradas, como a descrita acima, são frequentes em pessoas com essa perturbação, tornando isso um padrão comportamental, o que diferencia de comportamentos esporádicos.

O Borderline pode trazer sintomas depressivos, o que pode levar a uma confusão no diagnóstico. Pessoas que tenham transtornos de personalidade, por conta do sofrimento que o transtorno causa, podem estar mais sujeitas a ter também a depressão.

O termo depressão costuma ser usado para descrever o humor triste ou desencorajado que resulta de eventos emocionalmente estressantes, como um desastre natural, uma doença séria ou a morte de um ente querido. É possível também que a pessoa diga que se sente deprimida em determinados momentos, como nas festas de fim de ano (tristeza de fim de ano) ou no aniversário da morte de um ente querido. No entanto, esses sentimentos normalmente não representam um transtorno. Normalmente, esses sentimentos são temporários e duram dias, não semanas ou meses, e ocorrem em ondas que tendem a estar relacionadas a pensamentos ou lembranças do evento perturbador. Além disso, esses sentimentos não interferem substancialmente com a funcionalidade durante qualquer período de tempo.

Depois da ansiedade, a depressão é o transtorno de saúde mental que ocorre com mais frequência. Aproximadamente 30% das pessoas que consultam um clínico geral têm sintomas de depressão, porém, menos de 10% dessas pessoas apresentam depressão grave.

A depressão normalmente surge em meados da adolescência ou ao redor dos 20 ou 30 anos; no entanto, a depressão pode começar praticamente em qualquer idade, incluindo durante a infância.

Um episódio de depressão não tratado costuma durar cerca de seis meses, mas, às vezes, prolonga-se por dois anos ou mais. Os episódios tendem a se repetir diversas vezes ao longo da vida.

Já o Borderline (perturbação de personalidade limítrofe) é um transtorno de personalidade em que a pessoa não consegue lidar de maneira adequada com seus sentimentos. O termo significa "fronteiriço" e, antigamente, era colocado como uma situação pré-esquizofrênica, sendo um limite entre a esquizofrenia e a personalidade "normal". Com a evolução do diagnóstico, entendeu-se que eram transtornos diferentes, mas a nomenclatura continuou.

Entre as características do transtorno Borderline estão a instabilidade — em empregos, relacionamentos, projetos — grande sensibilidade com oscilação entre a idealização, raiva e o desprezo, impulsividade, esforços intensos para evitar o abandono, seja esse real ou temido e, devido a esse medo, ter ideias paranoides, alucinações e momentos dissociativos.

Outras particularidades do transtorno estão relacionadas à definição da autoimagem, comportamentos ligados à automutilação e ao suicídio e sentimento crônico de um vazio.

Embora possam ser confundidos, o transtorno de personalidade Borderline é diferente do transtorno afetivo bipolar. A bipolaridade é caracterizada por fases em que o paciente sente depressão, agitação ou impulsividade, enquanto o Borderline ocorre de maneira constante.

O transtorno Borderline acomete de 1,5% a 3% da população, sendo mais comum entre mulheres e com a maioria dos diagnósticos realizados entre o final da adolescência e o início da vida adulta.

Diferentemente de outros transtornos psiquiátricos, os transtornos de personalidade não possuem a característica de falta de substâncias neuronais e falha na recepção de serotonina (neurotransmissor que regula a sensação de bem-estar), como a depressão.

As causas do transtorno são múltiplas, sendo mais frequentes em pessoas que sofreram traumas, como agressões, abandono e abusos (emocional ou sexual) ainda na infância.

Não há cura para o Borderline, mas existe tratamento, sendo a psicoterapia obrigatória e medicamentos, como antidepressivos a estabilizadores de humor, recomendados de acordo com cada caso.

Para ajudar uma pessoa com Borderline, é importante que amigos e familiares tenham conhecimento dos comportamentos que a pessoa tolera ou não. É importante demonstrar amorosidade, atenção e ter posicionamento firme, quando necessário.


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Olá a todos! Sejam muito bem vindos ao meu blog. O intuito deste blog é informar, esclarecer, apoiar quem tem um distúrbio de personalidade,...

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