O percurso - parte 6
Olá a todos,
Todos os transtornos de personalidade têm um motivo para se desenvolverem, em geral um trauma na infância. Não são propriamente uma doença embora a opinião não seja consensual nesse aspecto. A verdade é que passam a fazer parte da personalidade da pessoa.
No meu caso, a personalidade borderline é devida á falta de amor e ausência de cuidados e carinho da figura materna. Também tem forte componente hereditário e como descobri mais recentemente, a minha mãe tem um transtorno de personalidade narcisista.
Desde muito nova habituei-me a ouvir as criticas dela. Nunca me elogiava e ainda fazia questão de falar bem das minhas irmãs na minha frente.
Durante muitos anos ia almoçar a casa dela. Durante o almoço eu tinha que ouvir todo o tipo de queixumes dela, sobre dinheiro, inquilinos, finanças etc. Sentia-me como um saco que se sentava na mesa ao lado dela, só para ela despejar os supostos problemas da sua cabeça. Nos anos em que eu já estava muito mal de dinheiro, parecia que estava a gozar comigo.
Quando a única hipótese foi pedir a ela ajuda financeira ou em alternativa fazer as partilhas da herança do meu pai, ela optou por depositar todos os meses na minha conta do banco a prestação da casa e naquela altura eu tinha umas contas em atraso que ela pagou também. Fez isso muito contrariada e apenas porque juntamente com o meu pai tinham sido fiadores do meu empréstimo. Alem disso "obrigou-me" praticamente a alugar um quarto em casa, coisa que ainda hoje me afeta imenso. Como não podia deixar de ser deu as suas lições de falso moral. A sensação que fiquei nessa altura e durante muitos anos é que ela estava a fazer uma coisa obrigada e não para me ajudar. Tinha o empréstimo pago todos os meses mas tinha que levar com ela a controlar a minha vida e a minha casa.
Algumas vezes ela perguntou se queria ir ao supermercado e ela pagava a conta. Eu ia mas era um presente envenenado porque ela controlava o que punha no carrinho e fazia comentários humilhantes. Entretanto deixei de ir almoçar com ela. A maior parte das vezes eu não abria a boca o tempo todo. Ficava só a ouvir os disparates dela que tanto me magoavam. Quando saia porta fora, as lagrimas rolavam pela cara mesmo sem eu querer. Era muita pressão e não tinha nenhum apoio moral dela. Passei 5 anos nessa situação miserável, alias, passamos, porque o meu ex continuava a morar comigo e também apanhava com tudo isto. Foram anos terríveis, de grande ansiedade. Nós só tínhamos dinheiro para as despesas fixas do mês. As contas eram logo todas pagas no inicio do mês, íamos ao supermercado de maquina calculadora para não gastar 1 cêntimo a mais e no dia 5 de todos os meses já não havia nada. Muitos meses houve que nem para tomar um café havia. Ainda hoje não sei como conseguimos passar por tudo aquilo durante tantos anos. Não passei fome mas não esteve muito longe. Ninguém sabia das dificuldades que passava. A minha mãe espalhou que me pagava a casa e por isso eu estava cheia de dinheiro, enquanto ela era uma desgraçada, que era obrigada a fazer isso por ser minha fiadora.
É a pessoa mais maldosa que já conheci, capaz de coisas impensáveis mas mantendo sempre a imagem impecável dela.
No ano que ela descobriu que no meu caso o banco não iria sobre a fiadora se não fosse pago o empréstimo, deixou de depositar o dinheiro para a prestação (eu também não sabia disso). Eu pedi de novo as partilhas mas desta vez estava determinada. Nunca entendi porque é que ela e as minhas irmãs ficaram zangadas comigo por eu querer o que tinha direito desde que o me pai morreu. A minha mãe eu até entendo o porque. O rendimento dela iria baixar com as partilhas pois havia apartamentos e lojas alugadas que teriam de ser divididos. Tentaram que eu desistisse mas não o fiz nem podia. Ela fez muitas maldades enquanto se tratava das coisas para as partilhas. Uma das quais foi me cortar a conta na farmácia que tinha sido ela a oferecer. Mas nem me disse. Foram os funcionários que me disseram quando la fui. Noutra altura praticamente me chamou de prostituta porque meteu na cabeça que eu tinha que andar a tirar dinheiro de outro lado. Cada coisa que ela fazia e dizia, abria um buraco dentro de mim. Como era possível ser tao má para uma filha que não lhe fez mal nenhum?
Até ter sido feita a escritura de partilhas eu passei o pão que o diabo amassou. Muitos nervos, muito choro, muita raiva. Foi absolutamente terrível de tal modo que somatizei tudo e fiquei doente.
Elas roubaram-me descaradamente nas partilhas. Eu tive que aceitar pois estava em risco de perder a minha casa. Só queria me livrar daquelas criaturas que me fizeram tanto mal 😢.
Depois desse dia, senti que saiu de cima de mim um fardo de 1 tonelada e nunca mais falei com nenhuma delas. Considero que não tenho família.
Depois de começar a fazer terapia, muito depois disso, cheguei à triste conclusão que tenho uma mãe narcisista que envenenou toda a família e me prejudicou gravemente.
(...continua)
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