Nunca tentei me matar mas estive perto disso, como já mencionei aqui no blog. Desde a adolescência que quero morrer. Trato a morte por tu, não tenho problema em falar de morte. A maioria das pessoas não gosta de falar de morte. Ainda é um assunto tabu. Não sei porque? É a coisa mais certa na vida.
Porque é que sempre quis morrer? Acho que porque sempre fui muito infeliz e incompreendida. Além de solitária e sensação de não pertença em lado nenhum.
Quem não me conhece realmente e olha para mim é capaz de dizer em certas alturas que sou alegre bem disposta… mas por trás disso que os outros veem, sempre esteve alguém que se fechava no quarto para chorar e ninguém sabia. Sempre reprimi muito o que estava lá no fundo. Só no ultimo ano é que fiz um esforço para pensar e relembrar muitas coisas passadas.
Muito do que eu achava que toda a gente sentia não era assim. Só eu sentia e não sabia disso. Uma das piores coisas que uma pessoa borderline tem é não se permitir ser feliz no momento. A ansiedade, e o medo não deixam esquecer que aquele momento vai passar.
Nem todas as pessoas que se matam o fazem por impulso. Aliás está provado que quem realmente tem essa intenção bem definida, faz um plano, nem que não seja só o lugar, a hora. E realmente eu também tinha.
Infelizmente ainda há tanto preconceito em relação ao suicídio. Parece que precisa de ser concretizado para os outros acreditarem. Basta ser um pouco atento para perceber que aquela pessoa tem um risco acrescido e tentar evitar.
Os fatores de risco psicológicos são impulsividade, hostilidade e agressividade, baixa autoestima, dependência, desamparo, solidão, sentimento de falta de pertença (ao grupo familiar, escolar, ou social), que conduz a um isolamento gerador de angústia, perfeccionismo e rigidez de funcionamento psíquico, com dificuldades na adaptação à mudança, negativismo, escassos recursos de “coping” (dificuldades em lidar com o stress).
É possível prevenir:
O diálogo, cumplicidade, tempo de qualidade em conjunto, adequada relação pais-filhos e amigos são fatores protetores muito importantes, flexibilidade cognitiva, rede familiar, escolar e social de suporte, inexistência de eventos de vida precipitantes, ausência de perdas, atitude positiva perante a vida, tratamento da perturbação psiquiátrica. A escuta empática, a vigilância construtiva, atenção reforçada aos jovens e adultos em risco, por parte dos familiares e outros.
Nunca vou esquecer esta frase que li "Hoje vou caminhar pela ponte. Se alguém sorrir para mim, eu não me atiro"
Essa frase diz exactamente tudo o que alguém com perturbação de personalidade borderline é e mais quer na vida… atenção e amor dos outros. Isso pode salva-la!
O que leva alguém com perturbação borderline a querer se suicidar?
Quem comete ou tenta o suicídio está num sofrimento psíquico intolerável, sentindo-se desesperado e sem vislumbrar alternativa. Não é por não quererem viver, mas sim porque não aguentam a dor. Muitas vezes fazem-no em momentos de enorme impulsividade. Nalguns casos, porém, existe uma premeditação cuidada. Estes jovens têm habitualmente dificuldades na forma como lidam com a família, escola ou meio social. A maioria encontra-se num estado de isolamento acentuado, conduzindo a uma solidão angustiante.